quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Ao meu pai, Seu Beijinha, falecido em 01/02/03.

Dez anos passados e parece que foi ontem que o senhor partiu e me deixou inteira, repleta de seus ensinamentos... Na época eu não entendia, questionei os médicos, Deus e a vida, levei muito tempo para compreender o meu legado de filha de homem forte, sensato, justo e honesto, que se transformou com os filhos, se modificou sem perder a essência para dar conta da educação moderna, aberta às informações, uso das tecnologias, incentivadora da iniciativa e do protagonismo. Capaz de amar numa intensidade que basta... 

Pois sim meu pai, hoje eu te agradeço. Agradeço por teres me amado tanto, numa intensidade suficiente para que se ninguém mais nessa vida viesse a me amar, eu já teria sido amada o suficiente. Obrigada por teres confiado tanto em mim, que hoje, não faz diferença alguma se mais alguém confia ou não... Obrigada por aplaudires e incentivares minhas palavras desde pequena e me ensinares a não ter medo de gente. Obrigada por me dizeres as palavras que busco em meu coração toda vez que preciso ouvir algo importante, que requer justiça, humanidade e sensatez. Obrigada por seus defeitos, todos declarados. Quão triste deve ser a vida dos filhos de pais perfeitos... Com medo de errar e assumir, refazer caminhos, pensamentos, conceitos... Obrigada por me permitir ser eu, não ter a obrigação de ser igual ao senhor, apenas decente, consciente de que posso ser melhor a cada dia e não preciso ser igual aos espécimes da “safra de otários” que o mundo produz todo dia! Pensei tanto no senhor nessas férias... Uma das noites que passei na estrada, dormimos numa pousada num posto de combustíveis. Vi vários caminhões parados com famílias viajando juntas, como nós. Lembrei-me de meu cantinho de dormir na “gabina” do caminhão, e de sua paciência na estrada reduzindo a velocidade para que eu pudesse ler as placas, minhas primeiras leituras. A estrada sempre me fez lembrar o senhor, deve ser por isso que amo tanto viajar. Filha de “chofer de caminhão” não teme a estrada, não teme viver, não teme as consequências que viver implica. Obrigada por me declarar motorista. Minha carteira de habilitação tem mais de 20 anos, mas ela só valeu de verdade quando em nossa última viagem, uns dez dias antes de o senhor nos deixar, me permitiste conduzir nosso carro na estrada e tomaste o lugar do passageiro. O senhor me ensinou e me fez crer em mim, até nos últimos dias de sua vida. Obrigada meu pai, por coisas que por mais que eu viva não conseguirei enumerar. Deus te guarde em bom lugar. Em meu coração o senhor está mais vivo que nunca, só lamento o senhor não ter conhecido meus amores novos, minha família que aconteceu depois de sua partida, meu novo, e já há sete anos, companheiro de viagem...
 

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